sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Random Acts Of Violence Pt.3


Chegava na casa do médico, de novo, o motor parava, de novo, ficava eu pensando milhares de coisas ao mesmo tempo, será que aquela família não estava traumatizada o bastante, a luz da sala estava acesa, hoje a visita era mais cedo, eu caminhava ao lado dela com a serra apoiada no ombro, nenhum sinal de arrombamento até então, meu corpo pesava, os dias sem dormir cobravam seu preço em mim sem nenhuma piedade e hoje excepcionalmente eu não tinha nenhum aditivo no sangue para me manter alerta, eu parava ao lado da porta, longe do campo de visão de quem olhasse pelo olho mágico, ela parava a frente dele, definitivamente a visão dela era mais agradável, impressionante, em menos de um dia consertaram a porta, ela também o conhecia, o havia entrevistado, o único sobrevivente, a porta se abria, era ele, atendia calmo a jovem até colocar o pé na soleira da porta e me olhar, o homem ficava pálido em um segundo, eu não dava tempo dela perceber (Mais) mas ela era esperta já deveria ter imaginado.

- Oi doutor, como vai a família?

Ele estava estático, minha cara de pau era tremenda e inquebrável, eu empurrava ele de volta para dentro da casa dele, ela vinha atrás de mim falando.

- Doutor este é uma pessoa que está me ajudando no caso do roubo das peças da delegacia, das armas do crime e tudo mais, acreditamos que a pessoa que roubou tudo de lá esteja querendo continuar o trabalho do assassino e logo pode vir atrás de você, já que você não foi morto na noite passada.

Ele meneava a cabeça concordando, parecia mais calmo por alguma razão, não sei se era o fato de ele saber que era eu que estava ali para o proteger ou a figura dela naquele momento, áustera ao ponto de eu mesmo ter me surpreendido com as palavras, cada minuto que passa minhas expectativas têm se superado inclusive, eu ia fechar a porta, trancando-a, meus passos pesados seguiam até o sofá onde me sentava colocando a serra no meu colo, estava cansado ainda, soltava um breve suspiro sozinho enquanto as vozes dos dois outros ocupantes da sala se misturavam transformando tudo num bolo de mensagens na minha cabeça que o sono não permitia fazer mais sentido, não sabia nem se era de mim que falavam, mas eu sentia um toque no ombro de uma pele macia e a voz que me encantava me tirar de meu prebe delírio.

- Você está bem? Parece cansado...

Não, eu não estou bem, estou sentindo meus braços pesarem centenas de quilos, minha cabeça parece que vai explodir, meus olhos não estão se abrindo direito e eu estou me segurando para não bocejar.

- Eu estou legal... É só um pouco de sono porque dormi mal na noite passada.

- Ele já foi colocar a família em um lugar seguro, vamos ficar apenas nós três aqui, a luz vai ficar acesa. TV ligada, ele concordou em não chamar a polícia já que se tivessem guardas aqui o copiador poderia fugir e nunca mais o pegaríamos...

Ela ainda estava falando quando toda a conversa parava pelo som que todos esperavam, a campainha, tudo se parava naquele momento onde dois toques breves ecoavam na sala, o doutor fazia a parte dele, falava alto que já estava indo atender, a isca estava feita e ele não esperava visitas, dessa vez eu não podia errar, poderia ser alguém inocente, eu levantava, a serra desligada, a mão na partida, ela ia atender a porta quando eu colocava a mão espalmada sobre o ombro dela fazendo que não em um gesto de dedo, me aproximava da porta de forma ruidosa a deixar a entender os passos sem cuidado, levava a ponta da serra sobre o olho mágico tapando a luz, nessa hora o rugir da serra e acompanhado da dele vinha a minha ele atravessava a porta de corpo inteiro com a serra a frente, os estlhaços de madeira voavam por todos os lados e eu não perdoaria o incauto, a minha lâmina ia em direção a barriga dele, passando voavam os pedaços de pano, depois faíscas por todo ar, maldito, ele estava usan do um colete de malha por baixo, meu melhor movimento e no máximo consegui estilhaçar alguns anéis de ferro, ele era bom.

Ele não perdoava minha falha e vinha enquanto eu ainda recuperava minha guarda, eu me defendia como podia, colocando a minha lâmina a frente de meu corpo, a pancada me jogava de costas contra a parede e o inclinar da serra dele fazia láscas da parede voarem junto da poeira e das faíscas das lâminas se chocando e voando para todos os lados, ao reunir forças para empurrar meu agressor a minha própria lámina fazia um corte diagonal no meu peito, eu via os olhos dele fixos nos meus, eu conhecia aqueles olhos...

Eu o empurrava e ele baixava a lâmina, aguardando eu me recompor, minha mão vinha a minha camisa, rasgando-a jogando ensanguentada sobre o chão, segurava novamente a ferramenta com as duas mãos dando uma nova partida, ele erguia a lâmina novamente e voltavamos ao choque, batia com a lâmina na dele fazendo um show de fogos na sala do médico, mas ele estava atento, eu cansado, eu nem mesmo vi o chute em meu joelho que me fazia ajoelhar no chão tendo que apoiar-me de forma defensiva novamente, eu recebia uma joelhada que me fazia cair no chão a serra deslizava pelo assoalho ele erguia com a ponta virada para baixo e quando eu já me despedia da minha família... Ela pulava nas costas dele, segurava-o dando-me uma chance de me colcoar de pé mais uma vez, ele a atirava sobre o sofá e nas mãos dela algo brilhante ia junto, era a máscara e ao olhar eu via quem eu já imaginava ser, era meu primo, filho mais velho do tio que eu mesmo matei.

- Agora entendeu não é? Eu vi o que aconteceu naquele apartamento ontem, eu não fui a festa hoje, entrei fácil na delegacia para reconhecer o corpo do meu pai, daí para recuperar estas coisas foi fácil, mas eu não te culpo, só que você é um criminoso também, tudo vai estar acabado logo, baixe sua arma e eu prometo que pelo menos a reporter vive.

Eu não respondia, dava graças a Deus de ela não ter escutado isso, partia para cima dele vinha de lado agora, não iria mais vacilar, ele tinha o rosto para ser atingido, ele esquivava de lado e minha lâmina passava cortando a escada, corrimão e os apoios, ele vinha novamente, desta vez eu encostava ombro a ombro.

- Vamos primo, sabe que não dá dessa vez, eu só estou terminando as coisas, fazendo tudo como deve ser, você hesitou, eu não o farei!!

Flash de consciência, eu consegui na noite passada, eu inspirei os meus primos, fiz do pai deles um herói e por acaso um deles sabe que eu sou o vilão, ele está fazendo o que eu faria, fazendo o meu trabalho, mas ele não iria machucar ninguém, ele não era como eu, não buscava apenas castigar os inocentes, hoje ele mataria toda a família do médico se pudesse, me mataria, a reporter e qualquer policial na guarda, talvez os vizinhos junto, ele tinha que cair!!

Minha lâminha raspava no braço dele e eu recebia uma cotovelada, ambas as armas caíam no chão, eu o agarrava correndo batendo o corpo dele de costas na parede, socando-o na altura dos rins, forte, as serras giravam no chão, mas toda minha força não era o bastante eu esqueci do colete de malha, ele me acertava uma cotovelada no ombro me fazendo abaixar e vinha sobre mim me jogando no chão, onde eu apenas podia tentar quase inutilmente dos golpes contra minha cabeça, meu nariz sangrava e eu sentia o gosto do sangue na minha boca, dor de quando a mão dele rasgava a unha o ferimento de meu peito, para por fim ele agarrar a serra nova que ela havia me dado para terminar o serviço.

- Esse presente eu dei para ele filho da puta.

Bang, bang, dois no peito, bang, um na cabeça, o corpo dele caia de lado e minhas mãos batiam no assoalho da casa, estava ferido, cansado, abatido, derrotado, meus olhos embaçavam minha visão enquanto eu buscava foco, procurando-a, eu sentia a mão quente em minha face, ela dizia que tinha acabado, que ia ficar tudo bem, eu acreditava, o médico vinha junto, as palavras dele já não faziam sentido, me forçava para conseguir ver mais uma vez o rosto dela, minha heroína, obrigado...

Eu não sentia mais as mãos dela, não ouvia mais ninguém, por fim eu perdia meus sentidos e nada mais era dor...

Só o que restou no meu fim foi ela...



Não.




Eu abro meus olhos num quarto de hotel limpo envolto em lençol branco com bandagens no peito curativos no rosto e uma terrível dor de cabeça, eu não morri, quando tudo estava perdido e eu não sabia mais o que fazer a voz do único anjo dessa história me traz de volta a realidade.

- Bem vindo ao mundo dos vivos grandão, achei que tinhamos perdido você.

Você jamais vai me perder...

- Eu achei que tinha virado história também.

De certa forma, meu comentário não estava tão longe da realidade.
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Frase do dia: "You died, but it's not the end."

E é o fim de todo o primeiro capítulo, continua na semana que vêm.

4 comentários:

o que me vier à real gana disse...

Não existe um fim absoluto, tenho para mim...o fim de estádios, de fases, de formas... de modos de ser... de sonhos, isso sim.
Venha o 2º capítulo!

Taynar disse...

'Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz'
Mas nesse caso, acho que era melhor ele nçao seguir a tal da luz...

Congratulations, Sargento! Recebi inúmeros comentários via Msn sobre o nosso texto!! ;)))

Beijos, futuro esposo

mania disse...

cuidado, o fim esta proximo auauauauauauaua!

Igor aguiar disse...

Aew, descobri um dia desses esse blog com essa historia, cadê o Resto tou loco pra ver o contexto completo dessa historia, quero ler logo, ja foi postado antes?tem em algum outro local?

Ótimo trabalho para quem fez.