terça-feira, 7 de outubro de 2008

Staring throught the eyes of the dead





A noite avançava num clima como se o mundo visto pelos olhos da máscara fosse preto e branco, não havia nada em volta, apenas o som do meu coração batendo, como se sozinho dentro de um cinema mudo, podia ver cada uma das cenas passando adiante dos próprios olhos, as mãos cobertas pelas luvas de couro agarravam o volante como se o carro fosse parte do próprio corpo, as luzes nos pestes eram as divisórias, as marecações do super 8, a lua cheia brilhava como se mostrasse o caminho, era uma noite de caça e a presa era humana, se é que se podia dizer isso da lista... O primeiro alvo era simples, um atirador, deveria dormir com a arma embaixo do travisseiro, quem sabe ele seria mais rápido e desta vez a noite seria curta... Quisera ele...

Não tinha tempo, era uma noite apenas, muitos alvos, estacionava o carro sob o apartamento velho, desligava o motor, ao passar pela recepção não havia ninguém, sorte, não era discreto, não queria ser, carregava no ombro subindo as escadas do apartamento antigo o taco de baseball tirado da mala do carro, madeira pura, sólida, manchas ainda desenhando impactos passados, olhava o número, chutava a porta, rapaz sortudo, a bela moça loira com ele nem vira o que houve, era rápido, preciso, grotesco, o taco acertava a cabeça dele antes mesmo de ele saber o que aconteceu, a cabeça aberta pendia para trás agora o corpo não caia preso pelas cobertas que funcionavam como uma censura sobre o corpo do casal, ela ia gritar, minha mão forte segurava seu delicado maxilar e meus olhos fixavam-se nos dela... Vermelhos, que teria passado na cabeça dela naquele momento? Talvez as noites mal dormidas, a ressaca ou as drogas tivessemme dado mais aparência de demônio do quê o nomral, que diferença faria, eu podia vê-la congelar quando o taco batia no chão e minha outra mão a segurava no pescoço arrancando-a da cama erguendo-a no ar faltava-lhe ar aos pulmões... Professora primária, abusava de anjinhos, não estava na lista, era um brinde, um presente inesperado, ia até a janela, estrangulava e ela não podia gritar, podia vê-la buscr o ar, se debatia, seu corpo frágil não oferecia resistência alguma, era o quinto andar, ela não morreria na queda? Olhava a grade o enorme punho cerrado atingia seu estômago, ela jamais soube por quê morreu, eu sabia por quê matei, o corpo caía sem ar para um grito desesperado, as pontas da grade como lanças num fojo de um calabouço escuro, não havia ninguém para salvá-la, espinha quebrava, o corpo se partia com a queda com as pontas atravessando carne, ossos, sangue vertia pela grade, até a polícia chegar no primeiro assassinato eu estaria concluindo meu trabalho da noite... Pegava o bastão, descia apressado as escadas, no meio do caminho, caía de joelhos, tosse, falta de ar, maldição, o remédio, sabia que tinha esquecido de algo, sangue escorria por furos da máscara, manchas, mais manchas... Olhava o espelho próximo a escada ao descer, levante-se, dê a ela a prova de quê ela precisa para acreditar quem alguém ainda se importa...

Entrava no carro novamente, o primeiro havia sido muito fácil, havia ganho tempo, muito tempo, não houve enfrentamento, não houve adrenalina, ao menos não para mim, ligava o rádio, tocava do cd player In A Gadda Da Vida pelo Slayer, música do Iron Butterfly, tema de Manhunter 1969, era aquilo, uma caça aos homens, homens que não mereciam a vida, que tiravam a vida dos seus irmãos e irmãs, o sangue dos inocentes estava nas mãos deles, o dos culpados por todo meu corpo. Segundo endereço, era uma casa de vila, desligava motor, rádio, tudo, levantava novamente, abria a mala fitando as ferramentas, pegava a chave de roda, o próximo alvo, um ex militar envolvido em um incêndio que matara sua esposa e sua filha para pegar dinheiro do seguro, ele agora pagaria, vinha correndo, o pé alcançava o muro num salto, voava pela janela do quarto despertando o infeliz que era atingido no peito pela chave de rodas, o corpo dele caía na cama, costelas quebradas, ele cospia sangue, não, você não vai morrer assim, agarrava-o pelos cabelos, indo até a cozinha, o corpo espezinhava, mais uma vez os golpes evitavam os gritos, ligava o fogão, a chave de roda subia meus olhos se encontravam com os dele mostrando a ele que não haveria escapatória, quebrava os braços dele, as pancadas violentas seguidas não eram para quebrar de uma vez, eram ara quase arrancá-los a força bruta, logo que havia se certificado que ele não fugiria o colocava sobre o fogão, as bocas acesas rápidamente incendiavam seu pijama de seda caro, ele ia gritar, a chave de roda acertava o maxilar, dentes, sangue, tudo voava pelos ares, manchando as paredes com o sangue do miserável...

O cheiro de carne queimada no ar, logo haveria um incêndio, o segundo alarme da noite, mais um que despistaria bombeiros ou polícia do que realmente estava acontecendo, ia ao banheiro, tirava a máscara, via o próprio rosto manchado de sangue, revirava tudo, encontrava alguns remédios, não eram os que precisava, mas iriam servir. Por hora. Saía do lugar, o cheiro de carne queimada com pelos, músculos, tudo já ia longe, o corpo dele ainda se tremia, ainda estava vivo, mas com os ferimentos aliados ao fogo isso não iria longe, saía da caa com a fumaça saindo do exaustor da cozinha que havia ligado pouco antes de sair, a chave de roda voava no banco de trás, a máscara de hockey voltava para o rosto, ligava o carro, olhava em volta, não havia ninguém por perto...

Era apenas o começo... Ela veria na manhã seguinte e então lembraria dele. Entenderia o propósito de tudo e por fim ele existiria. Não como o homem de trás da máscara, mas como o homem apenas. A lua brilhava forte no céu entre as estrelas, abaixo dela mais um brilho pálido seria transformado em rubro pela vingança onde o sangue dos inocentes será vingado a ferro e fogo.
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Esse é o segundo episódio da saga do vigilante sem nome. Ele têm nome, ele é uma pessoa como eu ou você. Caso queira saber como isto vai continuar, amanhã têm mais.

Dia sem fazer NADA no trabalho, impressionante.

Frase do dia: "O quão longe iria para realizar um sonho? Quais caminhos faria? Estaria disposto a fazer tudo por ele? Se não soube responder nada disso, desista de sonhar. Você está derrotado antes do começo."

7 comentários:

Taynar disse...

Nossa!
Adorei! Me lembrou uma mistura de filmes sem nome, mas que marcaram a minha vida Noir!
Amanhã tem mais.. e hoje não é um dia cinzento =)

Beijos

Taynar disse...

Só tende a melhorar, porque é semana de Círio por aqui. Época em que a cidade ferve, e eu posso me empanturrar de Maniçoba, já ouviste falar?

sim sim, preview mais tarde =)

Taynar disse...

Ihhh é longo e complicado, mas vou tentar, vamos lá:
- Círio: maior festa religiosa do Pará. Na verdade, acho que é do Brasil, sabe, mas como os nortistas são sempre deixados de lado, enfim... Sim, é mais ou menos assim: Há algumas centenas de anos, um cabloco achou na beira de um rio uma imagem de Nossa Senhora, e levou pra casa, uns kilometros depois de onde ficava esse rio. No outro dia, a imagem voltou pra onde ele tinha encontrado. Ele tornou a levar pra casa. E no outro dia a imagem voltou. Acho que isso aconteceu umas três vezes, até que ele resolveu construir uma Igreja onde encontrou a imagem. Hoje, onde ficava a casa do Plácido [releva, que eu estudei 14 anos em escola de freira, então eu sei, apesar de não ser católica] hoje é uma igreja, e onde ele achou a imagem é a Basílica de Nossa Senhora de Nazaré. E deu-se a tradição do Círio: no segundo sábado de outubro, à noite, tem a Transladação, onde a imagem é levada da Basílica [rio] para a outra igreja [casa do Plácido], dentro de um carro com uma berlinda, que é puxada por uma corda, por pessoas descalças [qualquer pessoa pode ir na corda, e geralmente quem vai, é pra pagar alguma promessa]. Quando é no domingo, de manhã bem cedo, tem o Círio, que é o mesmo trajeto, só que inverso, ai tem o carro com a berlinda, e diversos outros carros com objetos dados pelos promesseiros, além da corda, onde vão os promesseiros. Também tem várias pessoas distribuindo água, porque imagina o calor de 40 graus de meio dia, e todo mundo andando no asfalto fervendo...
Ano passado, mais ou menos, duas milhões de pessoas participaram. A cidade fica em polvorosa. Como eu disse, não sou católica, mas é muito legal, bem emocionante.

- Maniçoba: Comida típica do Pará, que a gente come muito nessa época. É feita com maniva, que passa 7 dias inteiros cozinhando. Não tem uma cara bonita, sabe, mas é bom pra caramba. [Olha aí: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mani%C3%A7oba ]

Nossa, isso ficou enorme!

Taynar disse...

Poxa, e encosto de porta, não?

Como eu disse, 14 anos em escola de Freira. Mesmo eu ODIANDO, certas coisas entraram na marra, por osmose mesmo.

Aquilo é? hahahahaha Olha, o prato tem uma cara feia, e não tem NADA a ver com feijão. Mas é gostoso pra caramba!

Taynar disse...

Eu gosto de pimenteiros, chaves, hashis e o gênio do Habib´s.

É, meu sonho era ter jogado uma bomba quando eu saí de lá, mas nem deu. Me contentei em sair com o atestado de terceira pior aluna de todos.

hahahaha Confesso que eu como só o caldo com arroz.

Taynar disse...

Cruzes, não gosto de carne assada.
hahahahahahah
Olha, pode fazer qualquer coisa que leve bacon, batata frita e frango. Se bem que bife tbm rola.

beijos

Ana Paula disse...

"Era apenas o começo... "? Tenho medo! rs

Frase do dia muito boa.

Beijo