sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Family bounds


Muitos carros na rua, apartamento cheio, eu reconheço os carros, eles estavam na lista, eram para estar em outro lugar, sorte grande? Não acredito mais em sorte, não existe, apenas uma série de fatos que favorecem apenas aos mais fortes, aos mais bem preparados. Eu ia deixar isto pro final, mas não aguento mais, se tudo der certo a noite termina aqui. Estacionava, vestia um macacão preto, pegava a serra no banco de trás, apoiava ela no ombro, suspirava alisando os dentes da criança pródiga, fechava o carro, subia correndo por fora do prédio, escada de incêndio, isso seria uma puta duma festa, cada passo batia pesado sobre a escada de ferro, enquanto subia ofegante, não por cansaço mas simplesmente ansiedade, logo estaria lá diante de várias testemunhas que logo seriam apenas corpos calados entre víceras batidas, com sorte sem muito mais azar por uma noite.

Não parava, não dava tempo, coração acelerado ao se jogar pela vidraça do apartamento ligando a serra ainda no ar, o barulho do motor da ferramente movido a gasolina assustava quem estava preparado para isso, todos estavam juntos esperando o toque de sempre, o chute na porta seguido dos gritos de dor. Hoje não, vinha pela janela descendo a serra pelas costas do primeiro incauto que gritava alertando os demais, quebrando o silêncio da noite quieta colorindo a sala branca do apartamento com sangue que espirrava por todos os lados, não parava para atacar a outros, o medo era a melhor arma e tinha que usar ela bem, a serra parava fincada no chão quando cada metade da vítima caía para um lado diferente com um vazio nos olhos culpando os outros por não haverem previsto que isto poderia acontecer, haviam mais 4 deles no recinto, todos apontavam as armas, o primeiro impacto da escopeta de cano serrado o atinge bem no meio do peito, jogando-o para trás, fazendo um buraco desfiado no macacão de mecânico preto, olhava para quem o fez, escondido atrás de uma mesa, surpreso pelo fato de eu não ter caído, corria pisava na cadeira, logo em seguidasobre a mesa, descia a serra de frente, cravando ela de ponta na cabeça do pobre infeliz, descia até onde conseguia arrancando-a pela frente, pedaços de crânio voávam pelo lugar, miolos agora decoravam a velha mesa de jantar e pedaços dos mesmos estavam pendurados pelo macacão e pelos dentes da serra que girava ainda, ainda havia sangue para ser derramado.

Todos abriam fogo, estavam em choque mas não havia nada a fazer, um, dois, três tiros nas costas, o corpo nem mesmo cambaleava, as drogas que usava antes da noite evitavam a dor, os olhos vermelhos apenas viravam buscando quem seria o próximo alvo e antes mesmo do corpo bater no chão espalhando a poça pelo chão de tábua corrida outra coisa o acompanhava, na descida da mesa pisou no banco de uma cadeira, o outro pé no encosto, fazendo a cadeira tombar, um grito da serra ao ser aumentada a velocidade e outro de dor quando a mesma passava pela barriga do cidadão de pouca fé, ignorante, trazendo arma para uma briga de serra... Essa frase é estranha quando usada assim, mas para ele deveria fazer todo sentido ao ver seus orgãos caíndo no chão a sua frente e meus olhos fixos nos dele, haviam dois, um na porta do quarto outro logo ao meu lado, dois tiros, um no rosto, ao bater na máscara faíscas voam, a serra subia, mais dois tiros, nenhum ia para lugar nenhum, o braço caía segurando a arma havia sido apenas um reflexo, largava a serra no chão, agarrando o infeliz pelo pescoço, correndo com ele através da sala, arremessava-o pela janela o corpo ultrapassava a escada de incêndio e os gritos apenas cessavam quando a cabeça dele se encontrava com o chão molhado de chuva no beco escuro.

Um alvo, vinha caminhando enquanto ele recarregava, abaixando para pegar a pistola ainda presa a mão recebia um, dois, três, quatro, cinco tiros, um de raspão no pescoço, ardia...

- Por quê você não morre, quem diabos é você?

No último momento de desespero do homem eu tirava a máscara.

- Você sabe bem... Oi tio.

Coroando a cena com um tiro apenas, bem no fígado, onde sabia que sangraria até a morte, jogava a mão armada perto da janela onde havia arremessado o corpo.

- Bem, vamos agora aos detalhes.

Abria o macacão revelando o colete com as perfurações, tirando o mesmo, ficando a camisa manchada de sangue, tirava o macacão, as botas, as luvas, usava luvas cirúrgicas por baixo, escondia as digitais.

- É bem simples, eu mato criminosos, mas a polícia está atrás de mim, você é um policial corrupto, logo vou te fazer um favor, vou te transformar em um herói.

Jogava o tio sobre o chão, vestindo-o com as roupas com marcas de sangue de toda a noite, de cada uma das vítimas, por isto não havia se dado ao trabalho desta vez de não deixar provas, levaria tudo a um desfecho de uma vez, o homem já estava morto com olhos arregalados quando eu colocava a serra na mão dele.

- Agora você leva a culpa por ter matado algumas dezenas de criminosos, você morre herói, morre justo e seus filhos poderão um dia ter orgulho de você. Enquanto isso eu deixo meus bens mais queridos como tua herança, esta serra foi minha primeira arma, minha escolha, minha piece de resistance, esta máscara, foi você quem me deu, sorte usarmos o mesmo tamanho.

Injetava drogas no corpo dele para poder na hora do teste de DNA não restar dúvidas de que deveria ter sido ele a matar todos, era meu tio teria uma combinação as drogas colaborariam para identificar, perfeito, pegava as chaves do carro no bolso depois de fazer um corte profundo no braço dele para poder haver testemunhas de que ele poderia ter sido o assassino, o médico havia visto eu me cortar daquela forma, arrastava corpos de forma a encobrir as pegadas que eu deixava, descia com a chave do carro dele, abrindo, pegando as ferramentas e armas que eu usei durante toda a noite no porta-malas do carro deles, era difícil, mas a serra foi mais difícil de abandonar.

Depois de tudo feito ia até o orelhão ali perto, dizia ter visto um corpo cair da janela do quinto andar ia embora antes de a polícia chegar, pegando a estrada de volta para casa, ouvia uma música lenta, acendia um cigarro com o braço cortado pendurado para fora da janela o segurando chegava em casa perto do amanhecer, guardando o carro na garagem, subia as escadas para o apartamento sujo onde ia direto para o banho, jogava as roupas na churrasqueira na varanda jogando álcool e queimando junto de outras evidências que poderiam ser encontradas, queimava um pedaço de bife na churrasqueira para aproveitar o fogo, afinal não havia comido nada a noite toda, ligava o ventilador barulhento e emperrado no teto deitando na cama cansado, pegava no criado mudo agulha e linha, costurando o braço enquanto ainda estava sob efeito das drogas, após tudo terminado ligava a TV, estava no notíciário a notícia dos assassinatos em série de seu tio, era a mesma repórter que apresentava, ela não escondia o sorriso ao saber que muitos criminosos haviam morrido naquela noite e lamentava a morte da única pessoa que ainda parecia se importar com quem não podia se defender.

Que bom pra ela que ainda estou vivo...

O telefone toca

- Oi bebê!!

E derrepente eu desejava estar morto.

- Oi mãe...

E vocês que achavam que eu era filho de chocadeira...
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Dia começando tarde, sem erros. Sem quedas. Sem medos. Sexta, dia de cerveja, nada de interessante durante a semana tirando pelas coisas boas que já haviam acontecido antes.

A semana se vai e não sabemos o que fica dela, eu não sei o que ficou de bom da minha, sei que estou com muito café na veia, que me estressei de graça e meu all-in com um three aces perdeu para um four of kings.

"Still, i do have my Ace of Spades under my sleeve..."

Assim nós nos lembramos porque temos medo do escuro. Mas sexta a noite é um dia diferente toda semana e segunda vai ser uma merda, mas sempre haverá a semana que vêm.

Me despeço deixando nada para vocês o fim de semana, espero que cada um tenha um fim de semana ótimo e se divirta bastante.

Frase do dia: "O passado é um quebra cabeça, como um espelho quebrado. Conforme você vai montando, sua imagem vai mudando. E você muda com ela. Poderia te destruir, te deixar louco. Mas aceitá-lo pode te libertar"

Metallica - Helpless (Quase)

"Eu tenho que ver você se movendo rápido
Ver você vindo em minha direção
Ver os sonhos, torcer para que durem
Nunca desaparecer.

Tenho que ver luzes no céu
Fazer barulho esta noite
Atear fogo em tudo
Fazer tudo se acender.

Ver as luzes que piscam
Escutar o rugir do trovão
Vou te acender todas as luzes
Tenho que conseguir cara
Eu não tenho escolha
Tenho que encher este salão hoje.

Sem ajuda

Não sei o que vou fazer
Talvez não hoje
Vou aquecer todos vocês
vou tratá-los bem.

Eu poso ver as luzes piscando
Acesas diante do teu amor
Tenho que ouvir o rugir do trovão
Vindo de cima

Ver as luzes piscando
Ouvir o rugir do trovão
Não tenho escolhe
Tenho que encher o salão hoje

Sem ajuda

Consigo ver as estrelas
Mas não vejo o que acontece
Todo noite sozinho
Cantando para me divertir

Apenas o tempo vai dizer
Eu farei sozinho algum dia
Este palco é meu
Este é meu destino

Não dá para espremer a vida de mim."

Hasta,
Foda-se.

Um beijo pra vocês e pra quem fô da suas famílias.

6 comentários:

Sargento Peixoto - O Monge disse...

She shivers in the wind like the last breath of a dying tree.

Was nice while it lasts, but i think this is a late goodbye.

Taynar disse...

Dá pra me explicar porque tudo isso...?

Taynar disse...

Pqp...
A mãe dele não deixou?

Taynar disse...

Poxa...
Nem sei o que te falar..
Que foda =/

Taynar disse...

Deu... Se fosse comigo, eu tbm estaria endemoniada!

Tânia N. disse...

Nossa!!!