quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Random acts of violence Pt. 1


A estrada estava vermelha, dia e sol ia se encerrando num entardecer rubro sobre o asfalto quente que se distorcia pelo caminho, o ar abafado entrava pela janela acariciando meu rosto como a mão do próprio demônio a acariciar seu filho, meus cabelos grdavam molhados pelo rosto e chicoteavam pela velocidade, pegava o celular, discando o número que conseguira de forma ilícita, chamava uma, duas vezes. Atendia, a voz feminina antes apenas ouvida pelas caixas de som num suave e preguiço soar ao pé do meu ouvido, quase me fazia perder a direção do carro no momento de distração...

- Alô?

Que belo jeito de iniciar uma conversa, mas havia pouco tempo.

- Você nunca me viu antes, nunca ouviu minha voz, mas me conhece bem...

Isso poderia ter soado mais psicopata? Eu preciso de ajuda não de uma mulher apavorada de um filme de Hitchcock, burro, burro, burro, quanas mil vezes ensaiou isso? Quantas horas passadas com o telefone na orelha de frente para o espelho para soar como Norman Bates...

- Quem está falando? Olha eu não tenho tempo para mais um psicopata me ligando dizendo ser o anjo da morte.

Um suspiro seguido do pensamento. Tá quantos psicopatas ou espertinhos devem ter ligado pra reporter que cuida do assunto dizendo ser o próprio dito cujo. Quantas dezenas de pessoas não escreveram e-mails dizendo ser eu.
-
Está bom, eu não vou dizer que sou o tal assassino... Mas vou dizer que eu sei como a serra elétrica ultrapassou crânio e osso em um dos assassinatos de ontem a noite e que pegadas ficaram sobre a mesa...

Ahá! Informção privilegiada ou eu era legista ou era o próprio dito cujo ou estava lá na noite, ela sabia ela investigou a cena. A comemoração eram algumas batidinhas no volante e o silêncio do outro lado da linha qualificava que algo tinha passado.

- Tá bom, conseguiu minha atenção. O quê quer?

Quem pudesse ver meu sorriso a esta hora não diria jamais que eu poderia ceifar vidas com a facilidade que eu o faço.

- Me encontre no parque próximo onde fica o depósito da polícia, de onde foram roubadas a máscara e as ferramentas, não se preocupe em me procurar, fique a vista, eu encontro você, vá sozinha se houver mais alguém eu simplesmente vou passar direto.

Olha o instinto criminoso, mas somos todos humanos e a curiosidade supera as vezes o mais alto instindo de auto-preservação.

- Estarei lá em meia hora.

Eu chegava antes, já havia planejado isto estacionava o carro num lugar escondido, mas aquele arrepio na espinha, aquele frio na nuca que chega quando um espirito ruim está por perto, tinha mais alguém naquele lugar. Eu descia do carro, acendendo um cigarro sentando num canto perto de uma lixeira como um vagabundo qualquer, esperava mas sentia meu coração inquieto, algo ruim estava para acontecer. Ouvia o barulho de um motor de carro, via estacionando, os faróis apagavam o motor silenciava, um deles pelo menos, o outro dava um grito estridente a serra, eu via com olhos arregalados o homem correr, era eu, o braço enfaixado, a máscara, o cabelo, seja lá quem for me conhecia, ao menos meu IT, a serra ligada e os passos rápidos em direção ao carro, eu levantava indo até lá, só poderia imaginar que passava pela cabeça dela, eu sentia meus músculos trabalharem, a injeção de adrenalina, ele podia me sentir, olhava nos meus olhos e via minha alma como muitas vezes fiz, virava a serra em minha direção minha mão encontrava com seu pulso segurando e minha cabeça batia violentamente contra a máscara, minha testa sangrava com o choque mas isso o desnorteava, ele girava a sera de um lado para o outro, estava de frente para mim, seria difícil acertá-lo, num lapso de inteligência eu agarrava uma lixeira batendo com ela na cabeça do infeliz que caía, fazendo um corte raso em minha perna, eu nem lembrava mais da dor, eu ouvia os gritos desesperados no carro quando eu virava para ela.

- Liga o carro, rápido, vamos embora daqui!!

Ela voltava a realidade o desespero a fazia errar a ignição algumas vezes mas eu ouvia o carro ligar, ele se levantava quando ela fez a volta para me pegar, a serra vinha pelo capô do carro raspando faíscas por todos os lados eu o acertava com a porta o fazendo recuar e aos poucos o ronco da serra elétrica desaparecer na noite... Eu não sei o que ele queria, mas ele pretende matar... Um ato de violência aleatório de cada vez, assim continuaria meu legado. Ele precisava ser detido, mas eu não tinha as ferramentas adequadas, não vai acontecer de novo.

Enquanto eu me perdia em meus pensamentos de vingança, acerto de contas e coisas assim deixei de notar que a jovem reporter ao meu lado tremia e chorava sem dizer uma palavra, ela estava desesperada, era a segunda vez que era atacada mas agora era pra valer, era para matar, não pra ensinar uma lição eu podia ouvir a respiração nervosa dela.

- Fui eu quem te ligou, mas me perdoe eu não sabia que o maníaco viria...

Ela encostava o carro.

- Eu não pensei isso, eu imaginei que ele não teria morrido, mas não era o que eu esperava, achei que apenas atacasse criminosos famosos, violentos, perigosos, cheguei a sonhar com o dia que o
conheceria...

Ela desabava em lágrimas, eu não acreditava nas palavras, meu coração parecia bater mais forte e pela primeira vez na minha vida não era mais importante derramar sangue ou matar ninguém, eu tinha encontrado algo mais importante. Antes que eu notasse minha mão estava sobre a dela, a outra tocava a face da jovem fitando-a nos olhos marejados de lágrimas.

- Não se preocupe, eu a chamei para te dar a história de sua vida, eu sei que posso parar aquela coisa, apenas preciso das ferramentas certas, ele não vai parar, então precisa ser parado.

Dizem que só se muda o mundo com um ato de bondade de cada vez, mas eu não sei quem estava sendo ajudado aqui, se era ela como a donzela em perigo e eu como o cavaleiro pronto para morrer por ela... Ou eu o cavaleiro na frente da toca do dragão tirando a coragem para lutar da vontade de estar novamente com sua princesa... Era uma noite quente de verão em uma rua escura entre prédios e fios num lugar vazio, mas naquele momento eu estava nascido de novo... Agora só precisava de uma serra nova.
_____________________________________________

Frase do dia: "Não feche a porta depois que eu entrar... Deixe a luz vir junto para que com ela eu possa dar uma boa olhada no teu sorriso ao me ver aqui."
Continua...

4 comentários:

Taynar disse...

Só não gostei de uma coisa, que só agora eu identifiquei!
Não acha que ela deveria estar chorando.

Beijos

Taynar disse...

Hummm... Ok!
I get it!

Taynar disse...

Ok, fighter boy!
Go on, and drink for me too!

Tender kiss!

Taynar disse...

Right on =)